Astro Bot - Primeiras Impressões

Uma nova galáxia de diversão.

Se desconsideraram Astro's Playroom na primeira vez que ligaram a PlayStation 5, deixaram passar o exclusivo Sony mais alegre e original dos últimos anos. Astro's Playroom veio pré-instalado nas PlayStation’s 5 para demonstrar as potencialidades do feedback háptico e gatilhos adaptativos do DualSense, mas provou ser muito mais do que uma tech-demo, assegurando o seu lugar como um dos jogos imperdíveis de 2020.

O universo PlayStation atual, com histórias sérias e escuras de grande escala como The Last of Us e God of War, ofusca por vezes o brilho e calor do seu passado, que resplandecia quando Jak and Dexter ou Ratchet & Clank piruetavam nas PlayStation 2. A aventura de Astro’s Playroom na PlayStation 5 gerou uma lufada de ar fresco no catálogo da Sony, e mostrou que, se a Sony quisesse, poderia fazer frente à Nintendo na produção de jogos de plataforma 3D fofos, criativos e acessíveis, onde a diversão é o fundamental.

E pelos vistos, é isso mesmo que quer fazer agora.

Astro Bot é a continuação desta experiência, desta vez como jogo completo, numa escala muito maior, não só em termos de tempo de jogo, mas também em proporção. Abandonamos o mundo do interior fictício da nossa PlayStation 5 para explorar a nível cósmico várias galáxias e os seus respetivos planetas. Para um jogo simples, pede-se uma história simples, e a descrição oficial do jogo mostra isso mesmo: “A nave mãe PS5 foi destruída e deixou a tripulação de Bots de ASTRO espalhada por diversas galáxias.” Cabe-nos a nós, o adorável robot ASTRO, resgatá-los.

A simplicidade do design do jogo e ausência de gráficos realistas permite à PlayStation 5 puxar pelo CPU, que aproveita da melhor maneira para embelezar o mundo com físicas e partículas de última geração. Astro Bot é o jogo que melhor aproveita as capacidades do comando da PlayStation desde… bem, desde Astro’s Playroom, relembrando-me do meu desapontamento por não existirem mais estúdios a aproveitar todo o seu potencial. Estas capacidades técnicas, aliadas ao charme na caracterização deste colorido, detalhado e criativo mundo, deixaram-me deliciado na pequena demo que tive em mãos.

Na demo pude visitar quatro níveis, em forma de planetas, que completei em cerca de quarenta minutos, com direito a mais alguns minutos de jogo através de um desbloqueável. Com o DualSense como nave, atravessamos um cosmos localizado para português de Portugal. A única galáxia desbloqueada nesta demonstração revelou mais de uma dezena de planetas, que variam entre o nível fácil, médio e difícil. Astro Bot é um jogo acessível e não iremos encontrar níveis onde morremos 42 vezes só para descobrir que a resposta era atacar a parede falsa atrás do Boss. No entanto, morri mais vezes do que gostaria de admitir no quinto e último planeta, que desbloqueei ao destruir um cometa que atravessava o menu de seleção. Para além dos níveis de plataforma normais, joguei um nível em que defrontei um Boss, e níveis mais curtos em que o foco é testar a nossa destreza e domínio das mecânicas de jogo.

Sendo a nossa nave um DualSense, foi lógico conseguir controlá-la através dos motion controls do comando, desviando-me de obstáculos durante a aproximação a cada planeta. O tempo em que controlo diretamente a nave é muito breve e ficarei surpreendido se não encontrar, ao longo do jogo completo, a exploração desta mecânica através de um ou outro nível dedicado, como travessias por asteroides ou outros perigos espaciais, bem ao estilo das viagens na Gummi Ship de Kingdom Hearts.

Já com os nossos pés robóticos no planeta, é intuitivo perceber qual o caminho a seguir. Os Bots que temos de resgatar estão espalhados ao longo de todo o nível, mais ou menos escondidos, e vão saltando para dentro do nosso comando ao serem resgatados. Para matarem saudades do vosso Bridge Baby, podem brincar com eles com os motion controls embalando-os levemente, ou atirá-los violentamente ao ar. Alguns dos Bots que pude salvar eram personagens do universo PlayStation, que desta vez não serão apenas cameos temporários ou easter eggs, e estão inseridos na história. Por exemplo, após salvar um musculado pai zangado e o seu tímido filho, fui presenteado com a localização do seu planeta, um nível totalmente dedicado ao seu universo.

Este nível encontrava-se bloqueado na demonstração que joguei, no entanto, como um dos níveis finais a que tive acesso foi uma batalha contra um Boss gigante, a minha mente saltou imediatamente para a imagem de um pequeno ASTRO a fazer frente aos deuses nórdicos com a ajuda de Kratos e Atreus. Com a promessa de 150 cameos de personagens PlayStation e DLCs gratuitos, há potencial para fazer as delícias dos fãs ao explorar velhas personagens em contextos fofos e divertidos.

Apesar do caminho para terminar o nível ser linear, a quantidade de detalhes e personagens que nos fazem parar para brincar, tornam uma excursão que poderia facilmente ser feita sem desvios numa espiral de rabiscos frenéticos. A prancha na piscina deixa-te saltar para dentro de água de forma sensacional, podes pegar numa bola de basket para mostrares os teus dotes na linha de 3 pontos, ou então simplesmente juntares-te ao pinguim a apanhar banhos de sol. Existe um grande nível de interatividade com o mundo e os seus elementos, e mesmo que essa interação seja apenas distribuir socos por tudo e todos, terás uma reação. Estas interações e exploração do mundo têm como recompensa moedas, um Bot escondido, ou um sorriso na nossa cara.

A interatividade é ultra satisfatória em termos sensoriais graças às características do DualSense aliadas ao fenomenal design de som. Em Astro Bot, o tato e a audição não ficam de fora na festa dos sentidos que normalmente é monopolizada pela visão: sentes e ouves a diferença entre calcar lama, relva ou cimento, a resistência de puxar objetos e os impulsos abruptos do jetpack. Astro Bot faz-te realmente sentir que és o Spider-Man… vá, pelo menos como um robot fofinho no espaço a explorar o mundo como uma criança numa loja de doces.

Cada planeta presenteia-nos com um item ou upgrade, que acrescenta uma nova mecânica de jogo. Num dos níveis pude inchar e voar pelos céus enquanto que noutro ganhei um jetpack que me impulsionava rapidamente para a frente. Estas ferramentas não ficam limitadas a uma só mecânica que é repetida de forma diferente durante o nível, sendo introduzidos novos desafios, com variações no gameplay. Por exemplo, no nível em que tinha de derrotar um Boss em forma de polvo gigante, ganhei um par de luvas de boxe com molas que permitiam dar socos ao longe, mas as luvas não serviram apenas para fazer Polvo com batatas à murro. Houve tempo para secções de escaladas e até tornar-me numa fisga gigante. Cada nova mecânica era limitada ao planeta onde foi descoberta, no entanto gostaria de ver no jogo final níveis em que estas mecânicas fossem exploradas em conjunto e misturadas, de forma a aumentar a dificuldade do jogo através da complexidade.

Com Astro Bot, o estúdio Team Asobi parece estar empenhado para solidificar ASTRO como nova mascote da marca PlayStation. Uma explosão de sentidos e diversão que quer fazer frente à falta de variedade e originalidade de que a atual geração parece carecer. Se for consistente e criativo ao explorar as mecânicas e as funcionalidades do jogo ao longo dos 80 níveis, Astro Bot poderá muito bem ser a prova de que há espaço na Sony para que personagens sombrias de narrativas profundas convivam com o robot engraçado, de uma sequela de um jogo gratuito.


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