House of the Dragon muda os destinos da Guerra Civil Targaryen

Dance of the Dragons não era inevitável afinal.

House of the Dragon revela alternativa à Guerra Civil Targaryen - Game of Thrones: House Of The Dragon

Aviso: O seguinte artigo inclui spoilers para a série House of the Dragon, atualmente no terceiro episódio da segunda temporada, na Max.


A guerra está a aquecer em House of the Dragon. Depois da preparação da primeira temporada e dos atos violentos de horror que vimos até aqui, o terceiro episódio da série começa com uma chacina. Tudo começa com a estupidez de grupos adolescentes e termina com um campo de batalha de sangue, corpos e um moinho queimado ("Battle of the Burning Mill"). É um arranque brutal para um episódio onde as equipas Verde e Preto se posicionam para a guerra, mas também onde a HBO acrescenta uma réstia de esperança de paz, sob forma de um imprevisível encontro entre Rhaenyra (Emma D'arcy) e Alicent (Olivia Cooke).

Um dos pontos fortes de House of the Dragon tem sido a forma como alimenta uma história dramática em torno de duas jovens mulheres mergulhadas nos meandros de uma guerra real. Desde a infância que Rhaenyra (Milly Alcock) e Alicent (Emily Carey) viveram do modo como as suas respetivas famílias e os seus pais escolheram, a primeira tornava-se na primeira herdeira ao Trono de Westeros, enquanto a segunda acabaria casada, ainda uma jovem, com o Rei Viserys de modo a fazer crescer o estatuto da sua família. Em tempos, as duas foram confidentes e melhores amigas.

Baseada na obra de George R.R. Martin, Fire & Blood, House of the Dragon adapta ostensivamente documentos históricos contados por diferentes narradores. Isso coloca a série numa posição interessante porque significa que aquilo que estamos a ver no ecrã é a versão real dos factos e não uma interpretação de alguém, por mais que essa fuja do cânone das histórias como as conhecíamos. Com a abordagem de Rhaenyra à velha amiga, temos um vislumbre de uma tentativa de paz que vem antes da horrível, violenta e inevitável guerra que sabíamos estar a caminho.

Com Criston Cole (Fabien Frankel) a liderar um exército até às Riverlands e o conselho de Rhaenyra a insistir para ela agir, as únicas pessoas que parecem conscientes dos horrores de uma guerra são Rhaenyra e Rhaenys (Eve Best). A última foi em tempos ignorada para assumir o Trono, mas em vez de tornar-se amargurada e cruel, é atualmente uma das poucas vozes da razão. É ela quem lembra a Rhaenyra que em tempos Alicent foi sua amiga, que a convence a abrir a carta que esta lhe escreveu depois da morte de Luke e quem aconselha paciência ao conselho, recordando-os que Rhaenyra usa a coroa que foi de Jaehaerys o Conciliador, sugerindo que ela pode encontrar um caminho para a paz, quando só a guerra parece possível. É isso que inspira Rhaenyra a recorrer aos serviços de Myseria (Sonoya Mizuno) como a sua Master of Whispers, para infiltrar a Rainha Targaryan no interior do Great Sept.

É nesse momento que vemos o esperado encontro entre as duas protagonistas, antigas melhores amigas e agora adversárias num conflito que fugiu do seu controlo. É aqui que Rhaenyra revela o seu plano, a rendição de Alicent e o fim da guerra. Não é um plano muito bom, sem um compromisso ou algo que revelasse cedências de ambas as partes, mas sendo uma cena exclusiva da série e considerando que já sabemos como tudo se irá desenrolar, foi agradável poder apreciar a expansão da relação das duas mulheres, que apesar de todas as perdas, traumas e traições, ainda admitem, mesmo que por segundos, a hipótese de mudar o destino e encontrar um lugar comum para as suas famílias.

Infelizmente parece ser demasiado tarde para Alicent voltar atrás, mas pelo menos sabe agora a verdade sobre aquilo que Viserys disse: Aegon II não é o herdeiro legítimo, ele estava assim a falar sobre a profecia do Príncipe que foi Prometido e não do seu filho. É um momento impactante que demonstra ter havido um caminho para a paz, ainda que esse pareça ter evaporado. Também importante é Alicent permitir que Rhaenyra escape em segurança, quando podia ter chamado os guardas e terminado ali com a guerra.

É interessante que num episódio em que surgem ovos de dragão — talvez os que acabam nas mãos de Daenerys em Game of Thrones — e um Dragonseed (bastardos Targaryan que também possuem afinidade com dragões), o encontro de Cooke e D'arcy seja o momento mais poderoso. Em Fire & Blood a guerra é algo que acontece a Alicent e Rhaenyra, não algo que estas tenham procurado ativamente, a performance das duas atrizes representa isso mesmo.

Independentemente do que aconteça agora, e se leram Fire & Blood conhecem algumas das coisas que estão para acontecer aos diferentes personagens de House of the Dragon, este episódio demonstra que a guerra não era tão inevitável como pensávamos e existia um caminho para a paz. Veremos que outras liberdades toda a série da HBO até à sua previsível conclusão.