Triplo do patrimônio de Bill Gates: pessoa mais rica da Europa no século 16 tinha verdadeiro império econômico

Estimativa é que a fortuna valeria hoje em dia cerca de 400 bilhões de dólares!

Se falarmos em pessoas que não são ricas, nem milionárias, mas sim bilionárias, logo pensamos em Elon Musk, Bill Gates, Jeff Bezos e demais figuras que estão sempre na lista da Forbes. Todavia, nenhum deles tem uma fortuna que se equipara à de Jakob Fugger no final do século XV e início do século XVI. A fortuna do germânico foi tão grande que ele é considerado a pessoa mais rica da história.

Nascido em Augsburgo (no estado da Baviera, atual Alemanha) na família Fugger, Jakob Fugger von der Lilie também é conhecido como Jakob II ou Jakob, o Rico. Uma alcunha que descreve muito bem toda a fortuna que ele acumulou. Hoje, o patrimônio líquido de Bill Gates é de US$ 134 bilhões, o que dá cerca de um terço dos US$ 400 bilhões que Fugger teria atualmente com as correções monetárias.

Jakob Fugger, o Rico (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução/Pexels)

Os Fuggers

Fugger não era apenas um sobrenome qualquer. Foi o de uma família que construiu um dos grandes impérios comerciais da época. Os Fuggers começaram com o comércio têxtil, mas acabaram sendo grandes expoentes na mineração, especiarias, imóveis... Seu império é considerado um dos pioneiros do capitalismo inicial, assim como o foi o dos Médici em Florença.

Jakob tinha vários irmãos mais velhos: Ulrich, Georg, Andreas, Johann e Peter. Estes dedicavam-se aos negócios do pai, também chamado Jakob Fugger (mas de alcunha: o Velho). Com tantos herdeiros em cargos de responsabilidade, Jakob II foi enviado para um mosteiro para seguir carreira clerical. O problema é que alguns de seus irmãos e seu pai morreram. Para Jakob, isso significou deixar a vida religiosa para cuidar dos negócios da família com seu irmão Ulrich.

Jakob não tinha formação financeira, mas não teve problemas em dedicar alguns anos à aprendizagem das artes deste negócio em centros de Roma, Veneza e Florença, onde veio a ter contatos com os Médici, algo que no longo prazo abriria algumas portas. Em todo caso, o mais interessante viria com as suas primeiras incursões comerciais no mundo da mineração. Isso o levaria a ganhar muito dinheiro e a influência correspondente.

Maximiliano I, de Habsburgo, foi financiado por Jakob Fugger (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução)

Jakob começou emprestando dinheiro aos mineiros das minas de prata de Salzburgo (Áustria) e acabou detendo o monopólio da mineração de prata no Tirol, também território austríaco. Mais tarde, Jakob entraria em uma relação de credor com Maximiliano I, que sucedeu a seu pai, Frederico III, como Imperador Romano-Germânico. Fugger emprestou dinheiro e em troca pediu direitos de exploração e prospecção mineira. Isto o levou a ter o controle de todas as minas de prata da Europa e, mais tarde, ao monopólio do comércio de cobre e aos investimentos na indústria do ferro.

Além dessa história toda de subornos, dinheiro e coisas "duvidosas" que veremos, Jakob Fugger, o Rico, fez a sua parte para ajudar seus vizinhos. Uma das suas obras mais conhecidas é o Fuggerei. Esta área é considerada o primeiro projeto de habitação social da história e custa para os moradores apenas 0,88 centavos de euros por ano. A vila medieval fica no coração de Augsburgo, cidade de Jakob.

Fuggerei (Imagem: Wolfgang B. Kleiner/Wikimedia Commons)

Para efeitos de contexto, só entre 1487 e 1494, a prata de Tirol rendeu 400 mil florins em lucros para a empresa de Fugger. Como podemos saber se isso foi muito ou pouco? Basta informar que Jakob II financiou a Guerra da Liga de Cambrai com 150 mil florins. Ou seja, uma guerra custou menos da metade do lucro obtido em Tirol. Em 1511, o seu irmão Ulrich morreu e Jakob Fugger continuou os negócios, mas desta vez sendo o único proprietário da empresa.

Poder nas sombras

Jakob Fugger conseguiu entrar na igreja e na venda de indulgências via simonia (em suma, vender favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas e etc em troca de dinheiro). Fugger fez isso com Alberto de Brandemburgo, a quem adiantou 48 mil florins no ano de 1515. Na verdade, esse negócio serviu para construir a Catedral de São Pedro como crowdfunding. Tal foi sua influência que Martinho Lutero (sim, o da Reforma Protestante) disse em seu escrito 'À Nobreza Cristã da Nação Alemã' que "deveria ser colocado um freio na boca de Fugger e de tais empresas".

Ele não só financiou alguns arcebispos e papas, mas também investiu dinheiro na primeira viagem à Índia e na expedição de Fernão de Magalhães. Porém, um dos episódios mais interessantes ocorreu em 1519 com a morte de Maximiliano I. Tendo a coroa do Sacro Império Romano-Germânico sido deixada livre, as duas opções foram o rei da França, Francisco I; ou o neto de Maximiliano, Carlos da Áustria, também conhecido como Carlos I da Espanha e Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico. O nome de Carlos já dá uma pista de quem foi apoiado por Jakob, o Rico.

Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução)

Fugger tinha um interesse genuíno em que Carlos fosse imperador por conta das dívidas. Maximiliano I havia deixado todas as suas dívidas como herança, então Jakob deu uma mão a Carlos para se tornar imperador: ele subornou cinco dos sete príncipes eleitores. O suborno total foi de 852 mil florins, dos quais Fugger pagou 544 mil. Adivinha qual foi a primeira coisa que ele pediu em troca? Sim, o padrão que já vinha adotando anteriormente: concessões mineiras, especificamente as de cobre, sal e ouro da Espanha.

Sem herdeiros

Fugger desfrutou pouco deste acordo, já que morreu seis anos depois, em 1525, sem deixar herdeiros. Ele tinha uma esposa, Sibylle Artzt (graças ao casamento com ela, sua família conseguiu entrar no conselho de Augsburgo em 1498), mas não é que ele passasse muito tempo com ela. Além do mais, ela se casou com outro homem, Konrad Rehlinger, pouco menos de dois meses após a morte de Jakob. A propriedade de Jakob II foi herdada por Raymund e Anton Fugger, seus sobrinhos. Após uma breve idade de ouro, começou a queda de sua família.

No momento de sua morte, Jakob Fugger, o Rico tinha um patrimônio líquido de 2,1 milhões de florins. É impossível, ou pelo menos muito complicado, fazer uma conversão direta porque tudo mudou muito desde 1525. No entanto, seu biógrafo Greg Steinmetz, que foi quem colocou a alcunha dessa pessoa histórica, estimou que a fortuna seria equivalente a 400 bilhões de dólares. O que daria o dobro de Elon Musk e Jeff Bezos que estão casa dos 200 bilhões e o triplo de Bill Gates e seus 134 bilhões.


Inscreva-se no canal do IGN Brasil no Youtube e visite as nossas páginas no Facebook, Twitter, Instagram e Twitch!

Comentários