O Koo caiu: após abundância de usuários, alternativa ao Twitter está próxima de acabar

A rede social indiana está sem fundos.

Após Elon Musk ter comprado o Twitter e então batizá-lo de X, algumas redes sociais começaram a pipocar pela Internet tentando ser a próxima grande rede de microblog. Além do Mastodon, que já existia, Bluesky, Threads e Koo tentaram ocupar essa posição. A última teve um boom bem grande no Brasil -- sabemos bem o motivo --, mas o passarinho amarelo não tardou a despencar.

Com a explosão de usuários que o Koo ganhou, ele atraiu investimentos para se expandir para países como a Nigéria e também o Brasil.

Durante essa promessa de crescimento, a rede social indiana começou a fazer bastante contratações. Foi o caso de Mukul (um nome fictício de um antigo trabalhador da empresa), que começou a trabalhar para o Koo no começo de 2023, conforme falou ao Rest of World.

Eram cerca de 300 pessoas trabalhando no Koo naquela época, mas apenas um mês depois que Mukul foi contratado, a rede social começou uma grande onda de demissões.

Em abril de 2023 a empresa demitiu cerca de 30% da sua mão de obra. Em junho, seis meses após ser contratado, Mukul foi demitido.

“Foram três demissões em massa no período de cinco meses”, disse Mukul ao Rest of World. “Eles deveriam ter deixado claro (ao me contratar) que tal situação poderia acontecer, porque, como empresa, você sabe o que está acontecendo”.

O simpático passarinho e o nome que rendeu muitas piadas. (Imagem: reprodução)

O fim do Koo?

A rede social indiana não tem mais acesso a aportes financeiros e cortou sua força de trabalho para um quinto do que já foi.

Conforme o Rest of World, que falou com antigos e atuais funcionários da empresa, o pagamento de março de 2024 foi feito tirando dinheiro dos próprios fundadores, já que o Koo não tem mais fundos para arcar com os custos.

Segundo o Economic Times, os donos tentam vender o Koo para a VerSe Innovation, a empresa dona do agregador de notícias Dailyhunt e da plataforma de vídeos curtos chamada Josh.

O Koo chegou ao Brasil em 2022 e teve um grande boom, com um milhão de downloads em menos de 48 horas. Parte dessas contratações da empresa pode ter sido para esforços de traduzir e adaptar o aplicativo para o nosso país -- e também para outros, pois ele se popularizou em países africanos também.

Mas no fim de 2022, junto de outras startups pelo mundo, os donos do Koo começaram a receber menos investimentos e em setembro daquele ano 5% dos funcionários foram demitidos.

A coisa ficou ainda pior quando os números de usuários começou a despencar: de 7.2 milhões em junho de 2023 para 2.7 milhões em fevereiro de 2024, segundo o Inc42.

“O Koo não foi capaz de capitalizar e reter o sentimento anti-Twitter que o ajudou a crescer”, disse Saurav da Savin Communication, uma agência de influenciadores, ao Rest of World. Sauray também disse que apenas 100 influenciadores de sua agência estão no Koo -- mesmo sem engajar muito.

Outro grande problema da rede social é a moderação de conteúdo. Segundo as organizações de direitos humanos Global Witness e Internet Freedom Doundation, o Koo só retirou seis de 23 posts com discurso de ódio denunciados na plataforma.

Um dos fundadores do Koo disse em seu LinkedIn que a empresa busca parcerias para aumentar a escala e que os empregados serão pagos assim que essas parcerias forem concluídas.

No post ele afirmou que "o Koo permanece operacional. Ele é muito bem construído e é um produto totalmente automatizado que precisa de pouca intervenção manual para funcionar".

Seja como for, o Koo provou que é preciso muito mais do que um simples clone do Twitter com um nome engraçado para vingar. Mesmo com Elon Musk tomando medidas estranhas em sua rede social.


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