Como a IA pode melhorar a acessibilidade nos jogos?

O futuro pode estar cada vez mais próximo.

Como a IA pode melhorar a acessibilidade nos jogos? - Galaxy Tab S9 FE

A acessibilidade está em constante evolução. Apesar dos jogos consistentemente incluírem opções como controles personalizáveis, legendas e configurações para daltônicos, as ferramentas exigidas pelos jogadores com deficiência ainda estão em constante mudança para atender não apenas às necessidades dos usuários, mas também aos próprios jogos.

Com o avanço da tecnologia, os desenvolvedores podem ajustar as opções existentes ou até mesmo criar novos recursos, como descrição de áudio em cutscenes. Mas qual o papel que a IA desempenha na acessibilidade do jogo?

A IA está em toda parte – nos telefones, dispositivos assistentes inteligentes como Alexa e até mesmo nos jogos. Já é um aspecto central da vida diária, que ajuda e diverte. No entanto, o verdadeiro potencial da IA ​​ainda parece estar na infância, especialmente para jogadores com deficiência.

Algumas das sugestões desta matéria podem já estar em desenvolvimento e outras podem ser tão rebuscadas que existem apenas no plano da imaginação. Portanto, para o Access Designed deste mês, coluna do IGN US voltada a acessibilidade nos jogos, vamos teorizar algumas maneiras pelas quais a IA pode impactar positiva e negativamente a acessibilidade no futuro.

Como a IA pode determinar com precisão o nível de visão de um jogador? Será possível ajustar a IA como uma opção de acessibilidade padrão?

IA e a experiência dos deficientes

É emocionante pensar no futuro da acessibilidade e como a IA pode se encaixar no design geral dos jogos. No entanto, a acessibilidade só é possível devido a um profundo conhecimento dos jogadores com deficiência e as necessidades deles. Os estúdios usam regularmente consultores de acessibilidade durante todo o processo de design, em busca de garantir que as opções e a jogabilidade não sejam apenas agradáveis, mas também jogáveis ​​para uma variedade de deficiências. Além dos recursos padrão, como personalização de controles e legendas, a acessibilidade avança principalmente porque as pessoas com deficiência estão comunicando as necessidades delas.

A IA provavelmente nunca entenderá verdadeiramente a natureza individualista de ser deficiente. A deficiência de Grant Stoner -- autor da matéria --, Atrofia Muscular Espinhal tipo II apresenta sintomas semelhantes, mas não é igual para todos. Ele conhece pessoas mais fortes do que ele, com maior alcance e mobilidade nas mãos, mas também conhece pessoas que precisam de configurações de jogo adaptativas extensas para jogar títulos que exigem apenas o uso de mouse e teclado. Outras deficiências, como a cegueira, estão em outros espectro. Como a IA pode determinar com precisão o nível de visão de um jogador? Será possível ajustar a IA como uma opção de acessibilidade padrão? Caso o jogador queira se desafiar com uma seção ou enigma de plataforma ele pode não querer que a IA assuma o controle. Por outro lado, a IA pode ser necessária para inúmeros jogadores com deficiência.

Dificuldade dinâmica

A Dificuldade Dinâmica já existe. Resident Evil 4, por exemplo, pode limitar a agressão inimiga dependendo da frequência com que Leon é atingido, e Mario Kart limita quais itens você recebe dependendo da posição do jogador. Você já se perguntou por que só recebe moedas de caixas? É porque você está consistentemente em primeiro lugar. E essas mudanças costumam ser tão sutis que os jogadores raramente percebem que certos jogos tentam ativamente ajudar ou atrapalhar as experiências. Mas para pessoas com deficiência a IA tem o potencial de atender às necessidades dos jogadores.

Se um chefe está causando muito dano, o que resulta em mortes frequentes, talvez as armas aumentem de potência. Ou talvez uma seção de plataforma estenda o comprimento das plataformas se os jogadores continuarem errando saltos. Seria benéfico também se a IA pudesse aumentar a munição ou consumíveis se detectar que os jogadores estão com poucos recursos específicos. E para aqueles que buscam desafios, essas mudanças ocorreriam apenas com base na progressão do jogador. A dificuldade já é um uso realista e aplicável da IA ​​em jogos. Os desenvolvedores não precisam reinventar esse recurso, mas sim refiná-lo para jogos específicos.

Talvez a próxima geração de sistemas suporte os recursos para criar companheiros intuitivos e responsivos que ajudem ativamente os jogadores com deficiência.

Personagens acompanhantes

Como a Dificuldade Dinâmica, os personagens companheiros e parceiros são um componente central de muitos jogos. Alvejar inimigos e retornar ao jogador após a derrota, como os espíritos em Elden Ring, flanquear e surpreender pessoas, como Ellie em The Last of Us Part I, e até mesmo as sugestões e dicas constantes de Atreus para quebra-cabeças em God of War Ragnarök são possíveis por causa da IA. E esses personagens favoritos dos fãs não apenas adicionam profundidade às histórias e à jogabilidade, mas também beneficiam muito os jogadores com deficiência.

É difícil determinar como os acompanhantes podem aumentar ainda mais a acessibilidade, especialmente porque suas funções diferem entre os jogos. Talvez a IA possa criar cenários em que os parceiros resolvam quebra-cabeças ativamente após várias tentativas fracassadas. Talvez eles possam encontrar e coletar um item perdido que seja crucial para uma missão específica. Para mim, os acompanhantes são uma importante escolha de design que reduz ativamente a exaustão de alguns. Alguns jogadores podem precisar de IA para avançar além das dicas de Atreus e resolver enigmas para economizar energia para as lutas. Talvez a próxima geração de sistemas suporte os recursos para criar companheiros intuitivos e responsivos que ajudem ativamente os jogadores com deficiência.

IA no futuro potencial

Durante anos, pessoas com deficiência lutaram ativamente para ter suas vozes incluídas em todas as facetas do jogo. Do trabalho nos estúdios à criação de conteúdo, até no jornalismo as pessoas com deficiência são, sem dúvida, os melhores defensores de si mesmos. E por conta disso a IA precisa trabalhar com eles, não substituí-los. Não podemos prever com precisão se a IA realmente ajudará ou prejudicará as experiências. Sim, a IA já existe em jogos há anos, mas a questão de saber se isso será prejudicial para a experiência de deficientes permanece invisível.

Tecnologias emergentes e deficiências podem ser um tema controverso. Muitas vezes, ferramentas e sistemas criados para ajudar pessoas com deficiência são feitos com boas intenções, mas falham em levar em conta a experiência com deficiência. E com mais de 400 milhões de jogadores deficientes em todo o mundo, a intriga com a IA pode ser apenas teórica, na melhor das hipóteses. Até que programas melhores sejam desenvolvidos, é muito cedo para determinar se a IA é o futuro. Embora seja divertido imaginar, a indústria deveria se concentrar em refinar o que existe, em vez de abandonar o progresso para especular sobre um futuro desconhecido.

*Traduzido por Maria Eduarda Pitão


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